sexta-feira, agosto 12, 2011

Perder para ganhar: a missão

"Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. E assim os inimigos do homem serão os seus familiares”, Mateus 10:34-36 (sugiro a leitura do capítulo 10 inteiro do evangelho segundo Mateus).
      Não dá pra ficar bem com todo mundo, existem brigas que serão compradas naturalmente. Não se pode tomar uma posição séria na vida sem que alguns opositores se levantem e possam vir a se colocar como nossos inimigos. Usando um ditado popular, não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos.
      Os versículos acima são mais alguns, dentre outros, que nos colocam frente a um assunto de aparência polêmica, dentro do escopo bíblico. Veja que eu disse aparência, pois a Bíblia e o evangelho somente são escândalo para aqueles que não querem caminhar com Deus. Para entender o significado dos versículos 34 a 36 de Mateus 10, é necessário temor a Deus e oração, buscando a orientação do Espírito Santo. Se simplesmente se fizer uma interpretação ao pé da letra, pode-se chegar a um entendimento equivocado do evangelho, que promove e apoia violência e desavença.
       O capítulo 10 do evangelho segundo Mateus, começa descrevendo a viagem missionária para a qual Jesus enviou seus apóstolos. Mostra o que os apóstolos deveriam fazer, como, quando e com quem, pregando o evangelho. Além da ordem para os evangelistas daquele tempo, existe uma palavra profética para os evangelistas de todos os tempos.
      Os versículos 21 e 22, do mesmo capítulo, também falam sobre a divisão que o evangelho faria nas famílias, “E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Jesus ensina que a aceitação do evangelho seria algo pessoal, e que poderia haver diferença de opinião dentro de uma mesma família. Pai poderia aceitar o evangelho enquanto o filho não. Isso deve ter chocado a sociedade religiosa e patriarcal judaica da época. Mas Jesus deixa claro, que para aceitar o evangelho, a pessoa não poderia ter medo daqueles que não o aceitassem. Disso, dessa diferença, ocorreriam com certeza divergências.
      A Bíblia tem que ser entendida como um todo, um texto deve ser confrontado com outro, dentro do contexto histórico de cada um. Estudando com unção do Espírito Santo, não se encontra incoerências na Bíblia, sobre nenhum aspecto. O texto das bem-aventuranças (Mateus 5:1-12) dá a referência de perda, ele nos ensina que no caminhar com Jesus, deve-se perder neste mundo, para se ganhar no reino de Deus. Ele pode ser usado para contrapor a qualquer interpretação de ganho através de truculência e confronto belicoso, por meio do evangelho. Mas voltando ao texto do início deste estudo, para quem aceita o evangelho, certos confrontos são inevitáveis.
      Mas a questão não é fugir do confronto, mas como reagir a ele. É importante que entendamos que quem confronta um seguidor do verdadeiro evangelho não está confrontando o seguidor, mas quem esse está seguindo, Jesus Cristo, o Senhor do evangelho. Se a “briga” é com ele, então devemos saber dele como reagir ao confronto. O mesmo capítulo 10 de Mateus nos dá essa orientação, nos versículos 18 a 20: “E sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós”.
      É importante também que entendamos esse texto, sem romantismo ou misticismo. Não que uma situação exatamente como a descrita acima não pode existir. Mas para a maioria de nós, nos tempos atuais, ser levada à presença de autoridades, pode ser simplesmente algo que aconteça dentro da nossa profissão, quando através de promoções profissionais, temos contato com gente importante do sistema deste mundo. A maneira como nos comportamos, o que dizemos, o nosso caráter, revelado nas posições que tomamos, podem estar servindo de testemunho para gente do alto escalão de empresas e instituições deste planeta. Nossa posição profissional pode estar sendo usada por Deus para que o evangelho seja compartilhado com gerentes, presidentes e políticos da nossa sociedade.
      Voltando a Mateus 10, Jesus dá uma palavra bem lúcida para os evangelistas. Se houvesse perseguição, o evangelista não teria que ficar impassível, aceitando a violência, mas ele deveria fugir e continuar a sua missão. “Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem”, versículo 23 do capítulo 10. Portanto, para quem segue a Jesus, de verdade, querer aceitação e honra neste mundo, é algo impossível. Se a gente ainda não aceitou isso, então estamos perdendo tempo.
      “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus”, “E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”, Mateus 10:32 e 10:38-39. Bem, essa é a única e verdadeira missão daquele que segue a Jesus, que é filho de Deus. Muitas vezes um bom salário e uma posição de proeminência, terão que ser sacrificados em troca do testemunho de justiça e verdade que o filho de Deus deve dar para o mundo.
      E quanto a ter um emprego melhor, para ganhar mais dinheiro, então comprar mais coisas e pagar os cartões de crédito das dívidas? Se nós ainda não entendemos, é bom entendermos, isso é somente o pano de fundo, desculpas que Deus usa para que nós nos envolvamos com o mundo e então cumpramos a nossa missão. Tem que se perder para se ganhar.

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