segunda-feira, março 05, 2012

O contrário de tudo o que sei

      Preciso desproteger-me, lançar as armas ao chão, ficar exposto, translúcido como um bebê, simples como um ancião, para então receber o abraço de Deus.

Preciso confessar-me fraco, me deixar ser quebrado, moído, apresentar-me como barro, para ser novamente concebido pelo braço forte de Deus.

Preciso escancarar minhas portas, deixar entrar a aurora, não ter dentro e nem fora, clarear toda a alma, para ser visto por Deus.

Preciso me calar de todo, descansar meu desgosto, estender minhas ansiedades até que elas estejam tão tênues que sejam apenas a superfície de minha alma, não oferecendo nenhuma resistência para ser sondado por Deus até o mais profundo do meu ser.

Preciso me cansar de mim mesmo, desistir de todo o mundo, desprender-me do passado e ignorar qualquer expectativa futura, para então estar no presente eterno de Deus, para quem não existe tempo.

Preciso negar a razão, superar a paixão, conhecer o que sinto e sentir o que conheço, então me largar, me deixar, para poder caminhar ao lado de meu Deus.
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