sexta-feira, maio 24, 2013

Ritualismo ou respeito?

Os protestantes de maneira geral, evangélicos, tradicionais, pentecostais, neopentecostais, seja lá qual for a denominação que se dê, gostam de criticar os católicos romanos, arrogantemente se acham no direito de se sentir melhor que eles. A maioria dos evangélicos não conhece fatos e história, se fosse assim não idolatrariam nomes famosos do seu meio, os fundadores, os avivalistas, os evangelistas, como Lutero, Calvino, Spurgeon, os Wesley, Billy Graham, Paul Yonggi Cho e Benny Hinn, entre muitos. Aliás, a idolatria, que tantos evangélicos veem nos católicos, também existe nos meios protestantes, idolatria de líderes, de visões, de doutrinas, mesmo de Deus, sim pode-ser idolatrar uma concepção de Deus, muito parecida com Deus e Jesus, mas que não é nem Deus, nem seu filho. A idolatria é sempre uma forma de projeção da vaidade humana já que se venera uma ótica humana da divindade, portanto uma visão egoísta e equivocada, e não a verdade.
Outra coisa que criticamos nos católicos é a maneira como eles tratam seus templos. Bem, é preciso lembrar que na doutrina romanista, a cerimônia católica da eucaristia, cerimônia da morte e ressurreição de Cristo (um dos sete sacramentos), funciona como um ritual dotado de poderes. Para os católicos, Cristo está presente de forma real na hóstia, portanto a ceia não é somente uma lembrança. A frente interna das capelas e catedrais também adquire função de altar, no sentido de que algo está sendo sacrificado lá. Por isso o respeito que os romanistas têm pelo templo e pelo altar, fazendo o sinal da cruz, quando passam em frente ao templo, evitando dar as costas para o altar, e assim por diante. (Lembro que essa é uma visão pagã da religião.)
No cristianismo puro e primitivo proposto pelo protestantismo, um cristianismo com bases exclusivamente bíblicas, isso não é feito e muito menos necessário. A Bíblia ensina que o sacrifício de Jesus foi feito uma vez por todas, isso não precisa ser ritualizado periodicamente. Por outro lado a frente interna da nave do templo é apenas um lugar onde deve ter a visibilidade do púlpito e dos levitas musicais, um local com qualidades acústicas e visuais, para que o louvor seja ministrado, e principalmente, a palavra seja pregada. Como numa sinagoga judaica, a exposição da palavra escrita, é o centro do culto, pelo menos deveria ser. A ceia evangélica é apenas um “fazei isto em memória de mim” (I Coríntios 11), uma lembrança de que o filho de Deus se fez carne, sem pecado entregou-se por toda humanidade e depois ressuscitou.
Todavia, e este é o ponto desta reflexão, por não delegar aos ritos e lugares qualquer capacidade divina, caímos no extremo de faltar com o respeito para com o culto. Seguindo a visão do novo testamento, o altar onde Deus deve habitar é o coração do homem. Sendo assim, em todo lugar, templo ou não, em que o cristão estiver, deve haver santidade no cristão, já que Deus está com ele no altar de seu coração. Um desses lugares é a frente do templo, do auditório que é usado para que os cristãos se reúnam, orem, adorem e estudem a Bíblia. Sem fazer idolatria nenhuma e sem delegar ao lugar qualquer espécie de poder, o cristão precisa respeitar o local do culto. E diga-se de passagem, um local separado para o ajuntamento e comunhão com Deus sempre tem uma presença especial do Espírito Santo, nós sentimos isso quando entramos num templo de uma igreja local séria, santa e ungida por Deus.
Para terminar gostaria de deixar uma orientação aos músicos levitas: sem idolatria, sem ritualismos, mas com respeito, em primeiro lugar pelas coisas de Deus e depois pela situação social que representa um culto, é conveniente que tenhamos cuidado com o som que produzimos. Levitas músicos procurem chegar antes no templo, antes mesmo que os outros participantes do culto cheguem, de modo que os instrumentos, microfones e outros equipamentos sejam afinados e ajustados de forma a não atrapalhar a reunião. Procurem, músicos levitas, estar prontos quando os primeiros participantes estiverem chegando, de maneira que vocês possam com seus instrumentos e vozes dar um suporte de culto, de oração, de adoração aos demais cristãos. Um prelúdio musical num volume baixo através da execução de uma música tranquila cria o ambiente perfeito para as pessoas se prepararem para o culto.
Começo de culto não é momento de ensaio, mas já é culto. Tantos chegam cansados, estressados, agitados pelo dia a dia, um som adequado abençoa as pessoas. Bem, se começo de culto não é momento para ajustar equipamentos, para ensaios, muito menos é momento para isso durante o culto, antes e mesmo durante a palavra. Aproveite cada instante do culto, músico levita, para buscar a Deus, ouvir a Deus, e como ministradores, para permitir que os outros busquem e ouçam a Deus, isso não é ritualismo, catolicismo, isso é respeito, é temor a Deus.
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