Vivemos
no momento uma cultura que torna os que estão em cima inimigos, e os que estão
embaixo, vítimas. É claro que isso sempre existiu, mas era diferente, havia
respeito pelas autoridades assim como dignidade naqueles de posição social
menor. De cara concluo que isso é uma mentira, todos, de alguma maneira, estão
embaixo, se não dos homens, de Deus.
Embaixo,
numa cadeia hierárquica, sejam empregados debaixo de patrões, alunos debaixo de
professores, filhos debaixo de pais, ovelhas debaixo de pastores, as pessoas estão
assumindo atualmente uma disposição de vítimas, de desprezados,
de humilhados, colocando as que estão acima como arrogantes, orgulhosos,
injustos.
Isso
não acontece somente quando existe uma cadeia hierárquica definida, o simples
posicionamento de alguém que está executando sua função com qualidade, coloca
os que estão assistindo nessa posição de vítimas, não se aplaude e honra os
vencedores, mas eles são invejados e odiados.
Muitos
pregadores têm motivado as pessoas a se colocarem nessa disposição, inundando os púlpitos
com pregações que colocam os mais fracos como vítimas. A música cantada nas
igrejas, grande parte dela, fala de vitória sobre inimigos, colocando sempre as
pessoas como vítimas inocentes. Sim, isso pode acontecer, mas não sempre.
É
preciso entender que todos nós, em algum momento de nossas vidas, passamos por
quebrantamentos, seja na área profissional, na área emocional, ou outra. Esse
momento é permitido e usado por Deus para moldar nosso caráter. Se nos
permitimos passar por esse momento, se o sentimos em toda a sua extensão, saímos
dele amadurecidos, fortalecidos.
Se
negamos esse momento, se ao invés de chamar a responsabilidade para nós, entendendo
que precisamos ser mais humildes, aceitando que existem pessoas, de alguma
maneira, superiores a nós, não melhores, mas em um nível hierárquico superior, se
ao invés disso permanecemos numa atitude arrogante, nós não passamos pela prova
de Deus. Quando não se é aprovado, tem-se que ser sabatinado novamente, até
obter aprovação.
Contudo,
pregadores, pastores e líderes, sem falar dos levitas músicos, têm aprovado uma
posição de vítima, principalmente nos de “status quo” mais baixo, a grande
maioria das igrejas evangélicas brasileiras. Nessa posição, ao invés de se assumir
a inveja, a autoestima baixa, mantêm-se um coração cheio de revolta, de ódio achando-se no direito de se sentir assim.
Vê-se
os outros como inimigos, e não se assume o orgulho maior que está não no que
está acima, mas no próprio coração. Isso é ilusão, já que quando o coração não
está curado, pode-se chegar à posição que for que sempre se sentirá complexado,
inferior, menor, e como reação o coração gerará agressividade.
Pregadores,
é preciso levar uma palavra de responsabilidade, que vai ser dura, que as
pessoas a princípio não querem ouvir, mas que é o único caminho para se crescer
e para sair de uma posição de humilhação. Somente humilhados diante de Deus, é
que agimos com humildade com aquele que está acima de nós, e nessa disposição
Deus nos exalta.
Crentes,
ouvindo uma palavra, não a lance para os outros, não fique cobrando ou
criticando os outros, mas tome-a para si, analise-se, avalie seu próprio coração,
lembre-se que nosso maior inimigo é o que mora dentro de nós, nós mesmos.
Mas
insisto no ponto de que ser humilde não é simplesmente ser pobre, ser
empregado, ter uma formação acadêmica e profissional menor. Ser humilde é
assumir todas as fraquezas, entender que se é valorizado não pelo nível social
que se tem, mas pelo ser humano que se é diante de Deus. Quando assumimos isso
não vemos os outros como inimigos, não invejamos, não queremos secretamente o
mal daqueles que de alguma maneira estão acima de nós ou que são, em alguma área, melhores do que nós.
Já
vi gente muito rica me tratar com muita humildade, com muita simplicidade, me
elogiar e valorizar meu trabalho. Mas já vi também, gente com menos posse,
arrogante, cheia de inveja, altiva, com o rosto pesado, que não vê nada de bom
em ninguém porque não vê nada de bom em si mesmo.
Todavia,
já vi gente simples, que nem sabe falar ou escrever direito, que ganha muito
pouco, sem carro e sem bens, contudo com uma sabedoria enorme, gente que
paramos e conversamos por horas, para aprender sobre a vida. Esse é o Espírito
do Evangelho, foi assim que Jesus viveu quando encarnado, a esse,
verdadeiramente humilde, Deus exalta.
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