Muitos
confundem religiões com associações filantrópicas, com ONGs, com assistência
social, etc. Antes de religiosos todos nós devemos ser cidadãos, e como tal
precisaríamos nos envolver com a ordem e a justiça, ajudando necessitados,
sejam órfãos, sem-teto, doentes, viciados, enfim, todos aqueles que não podem
sozinhos sobreviver de maneira digna na sociedade.
Muitas
religiões cumprem esses deveres sociais com primazia, mas isso não identifica,
necessariamente, uma pessoa desta ou daquela religião. Jesus deixou orientações
prioritárias sobre isso, ensinando que o amor de um verdadeiro cristão deve
movê-lo a ajudar as pessoas de uma maneira eficaz. Contudo, religiões, e aqui
nem estou privilegiando o cristianismo, possuem um conjunto de doutrinas que
definem suas visões de Deus, do homem, do mundo e da eternidade, assim como
meios que levam todos a serem pessoas melhores.
Citando
um exemplo, todos devem auxiliar as crianças como seres frágeis e dependentes
que são, contudo isso não significa que elas serão batizadas, não pelas
religiões cristãs que seguem as verdadeiras orientações bíblicas. Mas isso não
representa exclusão do ser humano, negação de um direito, é apenas uma regra da
religião. Mesmo porque, no exemplo, crianças como inocentes que são não
necessitam de batismo para terem direito à comunhão com Deus, elas já têm pelo
fato de ainda serem inocentes, portanto, livres de pecados.
Isso
acontece também, por exemplo, com casas de recuperação de viciados em drogas. Igrejas
evangélicas podem manter esse tipo de instituição, indiferentemente se os
recuperados são ou não evangélicos, obedecem ou não às doutrinas cristãs. Portanto,
mesmo sendo recuperado e amado pelos evangélicos, o que vai fazer do ex-drogado
um evangélico não é sua recuperação, mas a sua opção de um relacionamento com
Deus e com a vida espiritual de acordo com a doutrina da igreja evangélica.
Obviamente,
como cristãos, acreditamos que uma completa libertação do mal, como do vício de
drogas, só ocorrerá quando a pessoa se converter ao cristianismo, quando
aceitar Jesus como salvador, quando nascer de novo, e sendo assim, terá direito
ao batismo nas águas, às ceias, à comunhão com a Igreja e à participação de
ministérios e lideranças.
Um
grande equívoco que as pessoas cometem, usando um assunto bem atual, é
confundir seriedade da doutrina com falta de amor ou preconceito. Apesar da
maioria dos cristãos terem um posicionamento sobre os homossexuais, de que a situação
deles pode ser mudada, (e novamente que fique bem claro que não estou aqui
defendendo nem esse nem aquele posicionamento doutrinário), mas apesar de
alguns pensarem de determinada maneira isso não significa que os homossexuais não
serão amados ou respeitos, mesmo que não sejam cristãos convertidos.
Pode-se
amar sim, mesmo não se concordando com a escolha de vida de alguém, que
cristianismo seria o nosso se isso não acontecesse? Isso ocorre com os presidiários,
como cristãos, sabemos que eles estão numa posição legalmente irreversível,
pelo menos a princípio, já que estão pagando um preço por algo de errado que
fizeram contra a sociedade (e novamente preciso dizer que não estou colocando
esse exemplo no mesmo grau de erro ou valor moral do outro que citei), mas
mesmo assim nós os amamos e trabalhamos com eles, dentro dos presídios,
evangelizando-os, dando a eles a possibilidade do perdão de Deus.
Doutrina
nada tem a ver com filantropia, mesmo a cristã, mesma aquela que segue o
evangelho de amor de Jesus. Doutrina é para quem quer se colocar debaixo da
religião, e como todo dever tem também seus privilégios. Filantropia é missão
de todo cidadão, todo ser humano lúcido e sensível que deseja ver a sociedade
melhor, indiferente da opção religiosa que cada membro dessa sociedade faça.
Mas
como cristão, repito, temos toda a convicção de que se as pessoas escolhessem
por Jesus, não somente seus exemplos de amor ao próximo, mas seu papel de único
salvador da humanidade, a sociedade provaria uma real e plena transformação, a
justiça aconteceria, a igualdade seria viável, não haveria sofrimentos. Isso,
todavia, só acontecerá no céu, infelizmente, de acordo com os ensinamentos bíblicos,
enquanto isso sigamos, cada um de nós, fazendo nossa parte.
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