O
que precisa ser mudado para que o caráter de Cristo apareça em nós? Tudo, mas
tudo mesmo. O homem é um ser altamente qualificado para se adaptar, isso em
todas as esferas. A biologia e a antropologia vão dizer que é consequência da
necessidade. Tudo o que o homem passou fez com que essa característica, a
adaptabilidade, se desenvolvesse. Nós que cremos em Deus e num Deus que se
revelou através da Bíblia, sabemos que o Senhor acompanhou, permitiu e abençoou
essa capacidade, para que o homem sobrevivesse.
Você
sabe por que Deus quer que o homem sobreviva? Alguns podem achar que é para que
ele se desenvolva, como indivíduo e como civilização, para que ele domine sobre
a natureza, sobre a terra, sobre o universo. Outros vão dizer que é para que
ele adquira poder, independência, prosperidade, outros ainda vão dizer que é
para que ele seja um ser vitorioso nos conflitos militares, sim, porque o homem
vencedor nesse mundo, ainda é aquele que vence as guerras, que está melhor
preparado para elas, que fabrica e usa as melhores armas.
Bem,
no mundo atual os confrontos belicosos podem até serem substituídos pelos
políticos, pelos financeiros, pelos comerciais, pelos culturais. Países
conquistam os outros não empunhando armas, mas oferecendo melhores produtos no
comércio, com preço e qualidade superiores. Outros conquistam viciando as
pessoas em seus valores culturais, em sua música, em seu cinema, em sua moda.
Os países anglo-saxônicos têm feito isso com produtos como os Beatles e Michael
Jackson, na música, com Hollywood, no cinema, com o jeans na moda.
Mas
o motivo que Deus tem para que o homem sobreviva não é esse. O motivo é que
Deus quer salvá-lo. Deus faz o possível e o impossível para salvar o homem,
oferece a ele todas as chances, todos os meios, em todas as situações, em todos
os momentos, seja pela abastança, seja pela falta, seja na juventude, seja na
velhice, seja nas religiões, seja fora delas, e isso para todos, todos os
homens, pois Deus ama igualmente a todos os homens.
Todos
os homens, com suas habilidades e talentos variados, em suas culturas diversas,
com sonhos e anseios distintos, grandes e pequenos, pobres e ricos, cultos e
simples, todos são amados ardentemente por Deus. Jesus veio por todos esses, e
para Deus não existem homens melhores ou piores, mas apenas diferentes, todos
especiais de alguma maneira. Bem, todos esses homens podem provar a mudança que
o Senhor quer fazer em suas vidas, todos podem se parecer com Cristo.
Começamos
essa linha de pensamento falando sobre a adaptabilidade do homem e como isso o
levou a sobreviver nesse mundo. Essa adaptabilidade é ao mesmo tempo bênção e
maldição. É maldição à medida que leva o homem a sobreviver e ter uma falsa
ideia de vitória sem Deus. Mas se não fosse assim o homem teria falecido e
sumido do planeta no momento que deu o primeiro passo sem a comunhão de seu
criador, logo depois que pecou no Éden. Contudo, o que o homem fez foi se
adaptar, ele percebeu que estava em pecado, sentiu vergonha e fez para ele
roupas. Ele não caiu em pranto, entrou em depressão e se matou, como muitas
vezes queremos fazer, mas ele o homem, como civilização, se adaptou para que
mesmo tendo morrido espiritualmente, pudesse viver fisicamente. Para quê? Para
ter uma chance de ter novamente comunhão com Deus. Ele não tinha consciência
disso, mas Deus agiu com providência colocando esse instinto de preservação
nele para que a raça humana não acabasse.
Mas
Deus também teve que se adaptar, vamos dizer assim, o homem, aquele mecanismo
sofisticado, sensível, puro, agora se transformara quase que num animal. Se
antes Deus caminhava com liberdade pelo jardim do Éden e falava com Adão, agora
haveria necessidade de morte para que o pecado fosse expiado e alguma interação
entre Deus e o homem pudesse ser feita. Não, não seria mais aquela interação
plena e direta, o homem com o pecado perdera sua maior capacidade, o
discernimento espiritual.
Aquilo
que deveria ser normal, fácil, comum, agora só seria conseguido por meio da fé,
seria chamado de subjetivo, de metafísico, seria tido como uma qualidade
especial e muitos duvidariam mesmo que poderia existir, outros chamariam de
crendice, de misticismo, de mentira. Mas Deus seguiu com o homem, com um homem
agora limitado. Como pai, que a Bíblia diz que Deus é, quanta tristeza ele deve
ter sentido por ver algo tão precioso como aquele ser que ele colocou no jardim
do Éden estar agora sujo, enganado, distante. Essa natureza decaída do homem se
revelou logo no início, quando Caím matou seu irmão Abel.
Deus
nunca desistiu de sua criatura, aquela criada a sua imagem e semelhança.
Primeiro foram somente sacrifícios de animais, e isso deve ter existido até
Moisés. Mas quando Deus fez promessas a Abraão, que só começaram a ser
realizadas totalmente nos últimos dias que Israel passou no Egito, o Senhor já tinha
revelado ao homem seu primeiro pacto oficial com a humanidade. Chamaria uma
nação para que desse ao mundo testemunho do Deus único e verdadeiro. Bem, o
pacto maior com o homem Deus já tinha prometido lá no Éden, quando disse em
Gênesis 3.15 “Porei inimizade entre ti e
a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”. Israel foi uma maneira de Deus
escolher um povo, desse uma tribo, Judá, desse uma família, a de Davi, e desse rei
um descendente, Jesus. Jesus ofereceria o sacrifício único e eficaz para levar
o homem novamente à comunhão com Deus.
Contudo,
mesmo que espiritualmente isso seja possível, a alma e o corpo do homem já
estavam adaptados, e mal adaptados. A velha natureza instalada se oporia à obra
do Espírito Santo até que a transformação completa do homem pudesse ser
realizada para aqueles que nasceram de novo em Cristo após o arrebatamento ou a
morte física. Fizemos toda essa reflexão para chegar a seguinte conclusão: a
adaptabilidade do homem a esse mundo é a principal barreira para que a alma e o
corpo do homem mudem e se tornem parecidos com Jesus. É essa adaptabilidade,
que leva o homem sempre a se colocar sozinho contra aquilo que lhe opõe, é essa
adaptabilidade que deve ser mudada para que o caráter do homem seja semelhante
com o de Jesus, adaptabilidade que cria falsas religiões, que vicia
psicologicamente e fisicamente o ser humano a tantos subterfúgios.
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