segunda-feira, março 03, 2014

Dedo na ferida

Nesta reflexão vou tocar em assuntos polêmicos, que muitos evitam. Não pense você que busco menos santidade ou que estou menos cheio do Espírito por levantar estes questionamentos, ao contrário, passo por uma fase de busca de vida bem próxima a Deus. Também estou bastante envolvido com uma igreja séria e oficialmente constituída, lutando pelos ministérios de música, evangelismo e oração. Mas penso, com a idade que estou, com o tempo que tenho convivendo com as igrejas evangélicas brasileiras, que não posso simplesmente fingir que algumas coisas não acontecem. Acredito que cada um tem uma chamada profética, indiferentemente das condições que tem e dos trabalhos que faz, eu estou procurando desempenhar a minha, consciente de que terei de prestar a Deus e somente a ele satisfação pelo que aprendi, vivi e me posicionei, diante dele, do mundo e de mim minha própria consciência.

Até quando algumas “teorias” serão gritadas nos púlpitos, à distância das ovelhas, longe da realidade, diferentemente do que muitas vezes é falado nas salas fechadas do aconselhamento pastoral?

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Enquanto isso, jovens criados na igreja ou mesmo novos e sinceros convertidos, acabam tendo uma vida sexual antes do casamento, muitos fazem filhos antes de uma cerimônia oficial, tantos se casam às pressas e alguns se desviam ou fazem alianças conjugais erradas, fadadas ao insucesso. Esse assunto precisa ser falado de forma aberta e madura com os cristãos, principalmente com os jovens, por outro lado é preciso deixar a hipocrisia nos púlpitos e parar de ficar exigindo de casais que já estão juntos há algum tempo, que têm compromisso sério, com eles mesmos e com Deus, algo, que muitas vezes não pode ser vivido, não por pessoas sadias e cheias de energia.
Mas para os que não querem concluir um processo físico e químico que tem início com uma aproximação corporal, que começa com um simples toque ou com o beijo mais fraco, o certo é nem dar início a esse processo. O pior é que em muitos casos a hipocrisia chega a um ponto que para não chegar a uma relação sexual completa, os casais fazem tudo, menos a penetração, e se consideram puros, por isso, para se manterem “tecnicamente” virgens.

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Enquanto as teorias são gritadas, muitos, mas muitos mesmo, bebem uma cerveja, ou tomam um vinho, escondidos, sentindo-se culpados, já que a ordem do púlpito é que bebida alcoólica nenhuma deve ser ingerida por cristãos verdadeiros. É claro que existem muitas pessoas que têm problemas crônicos bem sérios com álcool, e muito podem vir a ter se começarem a beber. Não, o ideal seria realmente que não fossem consumidas bebidas com teor alcoólico. 
A Bíblia diz em Efésios 5.18-19: “E não vos embriagueis com vinho, que leva à devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no coração”, o enchimento do Espírito Santo sacia qualquer ansiedade e nos permite uma alegria real e plena. Quando se está cheio do Espírito simplesmente não se tem tempo para outras alegrias, mesmo as pequenas e mesmo inconsequentes, da carne.
Contudo, não existe uma ordem taxativa nas escrituras de que não se pode consumir nenhum tipo de bebida alcoólica, não existe essa lei. Se as pessoas fossem maduras e tivessem as prioridades certas, elas poderiam, sim, beber de vez em quando.

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Enquanto os teóricos esbravejam, muitos sofrem só... Nem vou falar sobre a questão homossexualidade, tenho várias reflexões sobre esse assunto no blog, se quiser lê-las acesse o link Homossexualidade e Respeito. A única coisa que gostaria de dizer, novamente, é que quem grita do púlpito, sem amor, que homossexualidade é pecado, nunca conviveu de perto com alguém com a questão, nunca caminhou, por anos, com um homossexual genuíno, que teme a Deus, que não é promíscuo e que gostaria, se pudesse, de ser uma pessoa que não vivesse estigmatizada com preconceitos e chacotas. 
Sim, também já vi milagres nessa área, pessoas que tiveram hábitos homossexuais e que conseguiram mudar, tornaram-se héteros felizes e cristãos de qualidade, mas será que isso é regra? Será que tem que ser?
Para entender isso teremos que interpretar direito várias passagens bíblicas sobre o assunto, e entender principalmente a sociedade da época em que homossexualidade parecia ser realmente algo proibido. Para entender isso teremos que nos dar ao trabalho de pensar e de amar, eis aí duas coisas que muitos cristãos não gostam de fazer, pensar e amar, eles querem milagres imediatos e sempre.

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Outra questão delicada é o desprezo que os púlpitos têm com as provas científicas de que existiram seres, animais ou humanos, que não se encaixam nem na condição de macacos, nem na de homens. Continuamos ensinando aquilo que se ensinava há duzentos anos sobre a criação e dando motivos para que materialistas, ateus e tantos inimigos do cristianismo, falem mal e desprezem o único caminho para a salvação dos homens. Será que é difícil entender que, sim, houve uma evolução nos animais, sim, existiram várias tipos de seres antes que o, definido pela ciência como homo sapiens sapiens (o termo mais moderno usa sapiens duas vezes) aparecesse, e sim, Deus fez isso tudo, seja em uma semana de sete dias de vinte e quatro horas, ou em sete eras de milhões de anos.
Não, o processo evolutivo não tira de Deus qualquer mérito, não nega a fé, a Bíblia. A narração no livro de Gênesis foi apenas uma maneira didática que Deus usou para explicar a criação para homens de todos os tempos, principalmente para aqueles de três mil anos atrás, que tinham pouquíssimo conhecimento científico. Mas estamos no século XXI, aliás, a evolução foi postulada no século XIX, os cristãos, e não seus inimigos, é que precisam ter a humildade e a sabedoria para buscar em Deus um entendimento que aceite a realidade provada pela ciência assim como a verdade atemporal ensinada pela Bíblia.
Agora vou compartilhar uma opinião pessoal, você aceita se quiser, uma opinião que responde uma pergunta: quem foi Adão? Adão não foi, necessariamente, um homem, pode até ter sido. Mas ele foi um momento, o momento exato que a evolução criou o homo sapiens sapiens, o primeiro deles. Nesse momento uma criatura, à imagem de Deus, apareceu neste planeta, então o sopro de Deus foi colocado nele, e o primeiro Adão surgiu. Simples? Bem, eu continuo acreditando na Bíblia, mas não serei arrogante, como são os incrédulos com relação ao evangelho, a ponto de desprezar provas científicas, só por ter preguiça espiritual de buscar em Deus uma convicção lúcida e coerente com a realidade que vivo hoje, em pleno século XXI.

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Sexo antes do casamento, bebida alcoólica, homossexualidade e evolução, feridas que tantos púlpitos evitam em por o dedo, até quando? Bem, não espere pelos púlpitos, busque uma posição pessoal, e acima de tudo, respeite quem pensa de outro modo ou quem não quer se dar ao trabalho de simplesmente pensar. O mais importante é e sempre será Jesus, ele sim, é o caminho, a verdade e a vida.
Penso que seja qual for a interpretação que se dê aos assuntos tratados aqui, seja a tradicional ou alguma mais “moderna”, são todos coisas desse mundo, da carne, que se não forem pecados são inconveniências, e que se foram e são tratados por muitos até hoje, e talvez continuem sendo tratados assim pela maioria até o fim, pela sábia permissão de Deus, é porque tanto faz.
Só usei uma citação bíblica nesta reflexão, a de Efésios 5.18-19, porque é justamente aí que reside a solução, a única solução para se vencer nossa natureza pecaminosa que nos acompanhará até o arrebatamento ou à morte do corpo físico, que se não nos fazem pecar diretamente nos colocan em situações desconfortáveis, nos enchem de culpa e nos roubam a paz. Mas como já foi dito uma vez, Jesus não veio filosofar sobre a doença, veio trazer o remédio e pronto, tome-o quer quiser.
Para terminar mais um texto de Paulo com o mesmo espírito (ou Espírito com e maiúsculo...), Gálatas 5.16-18: “Mas eu afirmo: Andai pelo Espírito e nunca satisfareis os desejos da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, já não estais debaixo da lei.”.

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