Muitos
se acostumam tanto com o glacê e o chantili que acabam achando que isso é o
bolo, quando percebem estão comendo somente enfeite e açúcar coloridos, e nada
da massa e recheio. Então, quando provam uma boa massa com um recheio maravilhoso,
percebem que o glacê e chantili, são apenas coberturas externas, não
fazem tanta falta assim.
A
simbologia fala de causa e consequência, de interior e exterior, de carne, alma
e espírito. Quando provamos uma experiência espiritual real de Deus, através do
Espírito Santo e de sua palavra, obviamente nossos sentidos são tocados, e as
emoções são despertadas. Contudo, pontuar uma experiência espiritual pelas
emoções é dar valor ao glacê e o chantili, e não à massa e o recheio.
O
que realmente importa, um culto cheio de manifestações emocionais, de gritos,
de descontrole físico, de transes e frenesis, ou com um estudo profundo,
inteligente e ungido da palavra de Deus? Um estudo que pode ser compartilhado
sem clichês pentecostais, sem muito estardalhaço, sem apelações emocionais, sem
criar um clima manipulador de que algo extraordinário vai acontecer, um estudo que simplesmente
ensina a Bíblia.
Talvez
muitos estejam querendo fazer o papel de Deus, dar uma ajuda ao Espírito Santo,
tentando tocar naquele lugar do coração humano que só Deus pode tocar, isso é
desnecessário, Deus sabe como, quando e onde fazer sua obra. Talvez muitos
pregadores estejam preocupados mais em demonstrar seus talentos de oratória e
teatro, ao invés de compartilhar uma experiência pessoal com Deus, porque
querem colher frutos rapidamente e frutos equivocados. Os frutos de uma palavra
ungida não são necessariamente a explicitação de emoções, gestos e palavras
imediatos, mas a vida de santidade e adoração que acontecerá depois, no dia a
dia.
É
claro que nesse uso exagerado de glacê e chantili não podemos deixar de citar a
música, que naturalmente já toca nossas emoções de maneira objetiva e forte,
indiferente da qualidade de suas letras, harmonias ou melodias. Mas até que
ponto aquilo, que muitos dos chamados "levitas" sentem, é unção, até
que ponto é unção espiritual aquilo que muitas apresentações nas igrejas causam
nas pessoas, até que ponto existe adoração, adoradores e a presença do
altíssimo em tanta confusão e barulho?
O
que sei é que nada que é artificial, falso ou carnal resiste ao tempo, à vida,
a Deus. O chantili e o glacê exagerados causam dor de barriga, a emoção
descontrolada que começa como escapismo, torna-se vício e então inútil para
trazer refrigério. O teatro e a manipulação psicológica e emocional mostram que
evidenciam só o homem e não adoram realmente a Deus. O que sei é que no final
de tudo a palavra de Deus triunfa, é a única que pode curar, que pode nos levar
a uma vida de amor e de santidade, as únicas coisas que realmente adoram o nome
de Deus e que existirão por toda a eternidade.
Voltando
ao bolo, eu prefiro aquele bolo de final de tarde, feito em casa, sem
cobertura, apenas a massa, um bolo de milho para comer com um cafezinho feito
na hora, esse a gente pode saborear todos os dias, alimenta muito mais. Pra mim
isso representa a simplicidade e eficácia da palavra de Deus revelada na Bíblia,
muito melhor que aqueles bolos complicados que se come em eventos especiais,
que são interessantes, mas só de vez em quando. Contudo, tem muita gente que
quer viver o tempo todo de festas de aniversários, de bolos complicados, de barulho e de
emocionalismos, essas nunca provarão um evangelho maduro resistente ao tempo e à
vida.
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