Jesus não pregava milagres! Isso te
escandaliza? Mas essa é a verdade, Jesus não pregava milagres, ele os fazia, quando eram necessários.
Fazia por
amor, por ver a necessidade de um povo, que especialmente naquela época, era
tão carente de milagres físicos. Num tempo onde a medicina era rudimentar e de
pouco acesso para a maioria, milagres físicos eram a única saída para muitos.
Com relação a expulsar demônios, era algo urgente, numa época em que o Espírito
Santo ainda não havia descido para habitar permanentemente no coração do homem,
onde a Igreja ainda não havia cristianizado o mundo, o demônio tinha muito mais
liberdade.
Mas entenda
bem, não estou dizendo que Jesus não faça e nem precise fazer milagres e
expulsar demônios hoje em dia, contudo, você já pensou que a ciência, com toda
a sua capacidade e conhecimento também não é um milagre de Deus? Como seria o
mundo se o pecado não tivesse entrado, você já pensou nisso? Não haveria tantas
doenças e mesmo acidentes seriam curados por uma ciência maravilhosa, temente a
Deus e muito mais evoluída que a que temos hoje em dia, portanto milagres
instantâneos e sobrenaturais seriam pouco necessários, ou então seriam bem
fáceis, já que sem pecado no mundo o uso da fé seria algo natural.
Contudo, o
ponto é: quanto tempo se usa nos púlpitos explicando que Jesus faz milagres,
enquanto poderíamos usar esse tempo para ensinar outras coisas do evangelho, as
verdadeiras coisas que Jesus pregava aos homens de sua época? Jesus era
objetivo com milagres, ele dia, “Crê que
eu posso curar?” Então esteja curado”. Os milagres eram feitos quando eram
necessários, mas não eram o centro da pregação de Jesus, ocorre que hoje em dia
fazemos dos milagres o assunto principal das pregações e cultos, assim
ensinamos mal ao povo de Deus. Mimamos o povo a acreditar que Deus faz o
impossível e esse povo acaba achando que a vida cristã é só isso, buscam
milagres e mais milagres, mas não provam o principal do evangelho, o reino de
Deus no homem interior.
É sobre esse
reino que o Jesus homem pregava, sobre relacionamento pessoal com o pai, com as
pessoas, com elas mesmas, através de curas na vida emocional, curas essas que
não podem ser realizadas por milagres instantâneos. Cura emocional pode levar
anos, é um processo, e tem como objetivo a santificação. Santificação não é
somente limpeza ética, moral e espiritual, tem muita gente limpa moral e
espiritualmente, mas ainda assim, cheia de doenças. Santificação é cura de
doenças emocionais e libertação de vícios, e não me refiro a vícios primários,
digamos assim, como drogas, álcool e tabagismo, cura para esses vícios é experimentada
no início da caminhada com Cristo. Mas a cura das piores doenças que se
instalam cedo no homem, e o escravizam por anos como culpas e mágoas, pode
levar tempo e depende principalmente de liberação total de perdão: para si
mesmo e para os outros.
Como é triste
ver gente se esforçando para ter fé, fazendo sacrifícios, e ainda andando
enferma pela vida, sempre frustrada, sempre machucada, mal orientada por
púlpitos que ensinam que milagres instantâneos podem curar tudo. Não, porque
nem tudo depende exclusivamente de Deus, um milagre instantâneo depende, basta
a nossa fé e certas enfermidades são curadas de imediato. Mas para outras
doenças, Deus precisa do consentimento inteligente e lúcido de nós homens para agir,
e isso, repito, leva tempo.
Era disso que
se tratava a pregação de Jesus, era isso que entendemos nas bem-aventuranças, o
coração do sermão da montanha (Mateus
5.1 a 7.29), a síntese teológica não dos apóstolos, mas diretamente de Deus
Jesus homem. Sim, as pessoas daquela época também se enganavam, como as de hoje
em dia, muitas procuravam Jesus para receber milagres físicos e materiais, e
Jesus, como pai amoroso que era e é, concedia os milagres, como concede até os
dias de hoje. Mas, repito, não era disso que se tratava o assunto principal de
suas pregações.
Outra
característica ruim de palavras e ministérios que enfatizam milagres, é a volta
à teologia do antigo testamento, uma época onde Deus se apresentava com
manifestações físicas: os exércitos dos filhos de Deus, de Israel, quando em
obediência ao Senhor, venciam as guerras contra seus inimigos, matando pessoas,
ao fio da espada. Mas aqueles tempos eram outros, o agir de Deus era diferente
assim como o próprio homem. O homem atual, do século XXI, sua psique, seus
problemas, sua dor, é diferente do homem mesmo da época de Jesus. Contudo, o
evangelho, diferente da religião mosaica, não veio para ser temporário, para um
povo, para uma realidade, mas para ser eterno, atemporal, e de uma maneira tão
poderosa e eficaz que mesmo as pessoas da época de Jesus homem não podiam
entender. Esse desvio para o antigo testamento tem chegado ao extremo em
algumas igrejas, que estão voltando mesmo a práticas e ritos da religião
judaica, negando a Cristo como único e suficiente salvador.
É preciso
voltar ao centro da Bíblia, é preciso voltar ao evangelho, é preciso ensinar
muito mais que milagres físicos, é preciso ensinar o Jesus homem que libertava
as pessoas para serem homens e mulheres que desejam viver como o Jesus homem,
com humildade e em paz, e não como deuses mágicos que podem o impossível
através da fé, se for assim, que diferença terá o evangelho dos ídolos ou da
magia satânica? É preciso pagar esse preço, mesmo que isso não encha igrejas,
mesmo que isso desagrade à maioria.