sábado, abril 21, 2018

Deus

       "Sou ateu, graças a Deus", esse ditado popular um tanto quanto antagônico, mostra a presença do conceito do divino na vida das pessoas. Ateísmo é uma impossibilidade, poucas vezes na vida vi ateus realmente convencidos de suas verdades, na maioria das vezes não eram descrentes na existência de Deus, mas somente revoltados com o Deus do cristianismo, rebeldes com a sua vontade, tentando ignorar Deus. Mas mesmo cientistas famosos admitem não a possibilidade, mas a necessidade de haver no universo uma força consciente maior que tenha direcionado, no mínimo, alguns eventos que dispararam a criação do sistema solar, da terra e da vida. Alguns ainda, creem que uma força maior direciona e acompanha, ainda que de longe, mas a tradição judaicacristã diz que é mais que isso, só Deus pode criar, e criar é trazer algo à existência do nada, no mais, tudo o que ocorre é transformação, causa e efeito, algo que já existe transforma-se em outra coisa, sob condições do espaço e tempo. Cremos em Deus ou num deus, porque ao ser humano, no meu ponto de vista, é impossível não crer, isso faz parte do instinto espiritual básico do ser humano, como se alimentar e fazer sexo fazem parte do instintivo carnal do homem.  
      A sede existe na alma, contudo, como no corpo, pode-se tentar matar a sede com líquidos muito diferentes de água pura, muitos desses, fazem mais mal que bem, iludem, mas não resolvem o problema. Religão, "religare", que religa o homem a Deus, e se religa é porque estava ligado e se desligou, logo, a palavra religião está exclusivamente relacionada a religiões cristãs. São elas que ensinam sobre a criação do homem sem pecado, ligado a Deus, a queda do homem, e sua separação de Deus, e novamente a obra redentora de Cristo que pode religar o homem a Deus. Só sob este ponto de vista, da raiz e definição da palavra religião, já se entende que só o cristianismo é religião de fato, com a capacidade de religar o homem a Deus. A grande maioria das outras religiões, chamam todos os homens de filhos de Deus, mesmo a católica, que tem pressa em batizar recém-nascidos para arrebanhar o máximo possível de seres humanos debaixo de suas asas. O catolicismo não deixa claro, não com a ênfase necessária, que os homens são apenas criaturas de Deus, desligadas espiritualmente dele, e que só através de uma decisão pessoal e convicta pode o homem ser filho do Senhor.
      Talvez a arma mais usada para descaracterizar Deus, seja tirar dele a pessoalidade, dessa maneira muitos dizem que Deus é uma energia positiva, um catalizador do bem no universo, um espírito maior que une natureza e seres humanos, ou mesmo, Deus é uma força da natureza, ou a própria natureza. Outros ainda dizem, Deus é o sol, o astro que sustenta a vida na terra. O espiritismo cardecista admite Deus como sendo um espírito superior, mas tão superior que a probabilidade prática de algum espírito humano ter contato direto com ele é quase impossível, por isso, diz o cardecismo, podemos nos comunicar com espíritos de seres humanos evoluídos, com guias, não diretamente e pessoalmente com Deus. Na prática, para os espíritas, é isso, vejam que o cardecismo não acredita em anjos como seres puramente espirituais, sejam os bons ou os maus, os demônios, tudo é espírito de ser humano desencarnado, no mundo espiritual, em algum grau de evolução entre reencarnações. Nesse conceito Deus se perde, ou se vulgariza, mas enfim, o diabo tenta conseguir seu objetivo, separar o homem do Deus verdadeiro e anular a obra salvadora de Jesus.
      Como já refleti na postagem de ontem, "Diabo", a divisão equilibrada entre duas forças espirituais no universo, o bem e o mal, o yin e o yang, como ensina o taoismo, forças opostas e complementares que existem em todas as coisas, feminino e masculino, lua e sol, passividade e atividade, etc, coloca Deus na mesma altura do diabo, bem, isso tudo é uma enorme mentira. Repetindo o que disse na outra reflexão, o embate entre Deus e o diabo só existe na mente do homem, que pode exercer livre arbítrio e escolher se quer obedecer a Deus, ou não. No não, naturalmente o diabo se beneficia, mas se beneficia para ser derrotado e levar quem não aceita a salvação de Deus por Jesus junto. O diabo é espiritual, e um anjo poderoso, mesmo caído, mas ele é criatura de Deus, tanto quanto o homem. O homem é criatura mas criado à imagem de Deus, anjos, por maiores que sejam, foram, são e sempre serão servos, o homem, não, pode ser coerdeiro com Cristo e filho de Deus, se salvo e depois transformado para viver a eternidade com o Senhor.
      Só Deus é eterno, onipotente, onisciente, onipresente e absolutamente santo, e isso sempre! Mas tudo isso não seria suficiente se ele não fosse pessoal, Deus se relaciona com o homem de maneira pessoal, um pai falando ao filho que ama, um amigo confidenciando intimidades a um amigo que confia. Deus se importa com a maneira como vivemos nesse mundo, mesmo que a carne esteja corrupta e seja impossível para ela uma vida na plenitude da vontade de Deus, Deus cuida de nós enquanto andamos por esse mundo, nos mínimos detalhes. Se Deus tivesse todas as qualidades que citei, mas fosse somente uma força espiritual, teria salvo o homem espiritualmente, como espírito. Mas veja que Deus mandou Jesus, seu filho, aí já existe a pessoalidade de Deus se manistando, quando Cristo é chamado de filho, não é um espírito superior no reino espiritual que foi enviado, mas o filho de Deus, com uma ligação afetiva e familiar com Deus. Jesus veio para viver como um homem comum criado por um marceneiro, Deus não encarnou seu filho num palácio, como rei, rico é importante no mundo, novamente Deus valoriza o comum, normal, simples, humano. Jesus morreu injustiçado e violentamente, Deus usa o sofrimento na carne para pagar o pecado da humanidade, enfim, o Deus do cristianismo é um Deus pessoal que entende, vive, conhece e interage com a humanidade do homem.
      A santidade talvez seja a virtude de Deus que o homem menos compreenda, as outras podem ser entendidas fisicamente, pois se manifestam no tempo e espaço que o homem compreende, aproximam o conceito do divino ao dos super-heróis com super poderes, mas santo é algo que só o Deus, da tradição judaicacristã e de nenhuma outra religião, é. Confundimos santidade com negação de instintos carnais, como comer, beber e fazer sexo, mas Deus não tem corpo carnal, logo estar liberto dos instintos da carne não é dificuldade pra ele, ele não pode ser tentado por isso, então esse tipo de santidade tem relevância pra ele, mas não tanto como pensamos. Por outro lado, o diabo é um ser também espiritual, não tem corpo material com instintos carnais, e ainda assim é a criatura que cometeu o maior e mais sério dos pecados, que não teve e nunca terá perdão. Eu entendo que a essência do pecado não está ligada à carne no sentido matéria, mas ao espírito, obviamente corrompendo depois todos os níveis do ser, no caso do humano, a alma e o corpo. 
      O uso da palavra carne tem mais de um sentido, um deles refere-se ao corpo físico, tecido, músculos, ossos, veias, órgãos, etc. O outro tem a ver com corrupção moral, que vem de um espírito desviado de Deus, assim, o diabo é espírito, mas sucumbiu aos desejos carnais, às obsessões dos instintos básicos do homem encarnado, não comida, bebida e sexo, mas inveja, ciúmes, adultério, ódio, etc. Se não fosse assim, o diabo tentaria o homem só com desvios espirituais, como negar a Deus e não agradar ao Senhor e criador do universo. Todavia o diabo usa os desequilíbrios físicos e emocionais, para corromper o homem e separa-lo de Deus, os vícios e obsessões. Na verdade, não é o homem que inveja o diabo, mas o diabo que inveja o homem, o homem pode se arrepender e partilhar da presença de Deus, da santidade de Deus, o diabo, jamais.
       Deus criou o homem à sua semelhança e lhe deu um corpo físico, nesse plano original o homem poderia experimentar a santidade do Senhor em todas as esferas, muito além do que qualquer outra criatura de Deus jamais poderia experimentar, incluindo os anjos, seja Miguel e os que servem a Deus, assim como Lúcifer e os outros seres espirituais caídos. Deus é santo porque ele é fiel, com sua palavra e com sua criação, ser santo é ser fiel com alianças. Um homem é santo quando é fiel com o melhor de si mesmo, com a esposa no casamento, com aquele que lhe emprega na área profissional, com os amigos, com tudo. Em Jesus, Deus faz conosco uma aliança para sermos iguais a Cristo, por isso Deus nos dá o Espírito Santo, para nos ensinar como ser fiéis com essa aliança. Quando obedecemos essa aliança superior, entendemos as outras e podemos ser fiéis, em todos os níveis de relações humanas. Fiéis às alianças podemos experimentar a santidade que agrada a Deus, o santo dos santos.
      Algo lindo e maravilhoso de Deus é a possibilidade de caber nele todas as pessoas, todos podem se achar em Deus, se conhecer conhecendo a ele, amar aos outros e a si mesmos, amando a Deus, serem seres humanos melhores, agradando a Deus, e isso com equilíbrio, com integridade e honestidade. Cultura, intelectualidade, sensibilidade, poder aquisitivo, idade, raça, identidade sexual, todos podem achar paz e verdade em Deus, através de Jesus. Mas entendamos bem isso, Deus ama, salva, cura e tem comunhão com o menos favorecido, mas permite que esse cresça, em todos os aspectos, físico, cultural, emocional e espiritual, assim se houver trabalho todos podem saber é viver mais que os primeiros passos, mas a profundidade de uma vida com o Senhor. Deus é uma amigo pessoal e exclusivo, sua presença basta, andando perto dele, somos felizes e livres, Deus só precisa de Jesus para nos salvar, e só usa o Espírito Santo, para ensinar aos salvos a sua vontade. Deus usa as igrejas (com letra minúscula, significando as denominações e igrejas locais físicas)? Sim, usa e muito, o homem precisa de igrejas, mas isso não é o mais importante, acredite, nunca foi. Importa que façamos parte da Igreja, agora com letra maiúscula, significando a igreja espiritual, o corpo de Cristo, formado por cristãos de todos os lugares e tempos, que habitarão a eternidade com Deus.
       Deus é muito mais que aquilo que muitos acham que ele é, sejam inimigos de Deus, sejam crentes. Na verdade existe um ponto em comum entre o que pensam alguns inimigos e o que pensam alguns crentes, ambos aliam a Deus algo que ele não é. Reflito sempre aqui no “Como o ar que respiro” a respeito: Deus não é cartão de crédito sem limites e nem age diretamente no planeta resolvendo todos os problemas, como muitos pensam, mesmo que nada, nem uma folha que cai de uma árvore, esteja fora de seus planos. Assim, enganam-se os que ficam pedindo e pedindo nas igrejas, tanto quanto os que ficam acusando a Deus de não fazer tantas coisas para melhorar o mundo. Na verdade, muitos não estão preparados para algumas verdades sobre Deus, mas mesmo esses Deus ama e disponibiliza salvação. Mudar o mundo físico, contudo, é responsabilidade dos homens, os homens são culpados por tantas injustiças e sofrimentos, não Deus. Essa mudança poderia ser realmente efetiva se os homens antes, se acertassem espiritualmente com Deus através de Jesus, mas na rebeldia, tantos continuam tentando resolver as coisas a sua maneira, blasfemando contra Deus, ou iludindo-se com uma forma equivocada de como acham que Deus age. 
      Milagres? Talvez Deus só tenha feito um, o "big bang" cósmico, que desencadeou o universo físico (e espiritual?) como o conhecemos hoje e que prosseguirá num processo ininterrupto até o julgamento final. Então, não devemos pedir milagres? Sim, que sejam pedidos, mas eles acontecem naturalmente para os que andam no centro do plano de Deus, dentro de sua vontade, no caminho estreito do evangelho. Quem realmente tem intimidade com Deus nem pedirá milagres, os provará conforme precisam, principalmente os físicos, antes estarão ocupados em ter seus homens espirituais interiores mais parecidos com Cristo e em trabalharem honestamente neste mundo. Jesus orava muito, mas não orava por milagres, eu creio assim, milagres ele os fazia, sem escândalos, consciente de que muitos que o seguiam só por milagres físicos o negariam no momento que ele mais precisaria de amigos. Milagres foram e ainda são mais provas de Deus para os fracos e incrédulos que honra para os que têm fé. Deus, todavia, é amor, e ama tanto os imaturos que vivem atrás de milagres materiais, quanto os que querem ter caráter e vida espiritual de qualidade.
      Quer invocar o Deus verdadeiro? Basta querer, nem precisa de muita cerimônia ou rito, mas o Deus genuíno é o Deus de Abraão, de Jacó, de José, de Moisés, de Josué, de Samuel, de Davi, de Isaías, de Daniel, de João Batista, de Pedro, de Paulo, de João Evangelista, de muitos outros homens e de Jesus, seu filho, que veio, viveu, morreu e ressucitou em carne e sem pecado, para salvar a todo aquele que nele crê. Na sinceridade, qualquer homem ou mulher, de qualquer religião, pode achar a Deus, contudo, maturidade e intimidade com o Senhor, com direito a perdão e vida eterna com Deus, só existe na salvação através de Jesus, não se engane, religião ou só sinceridade, não salvam, só Cristo salva! "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam." (João 1.1-5). Um dos textos mais profundos e reveladores da Bíblia, ensinando sobre a relação intrínseca entre Deus e Jesus. Quem é Deus? Deus é Jesus, estudemos mais sobre a vida do Cristo encarnado, e conheceremos mais sobre a identidade de Deus. Mas não foquemos só nos milagres, ou nos efeitos físicos imediatistas deles, antes entendamos como Jesus tratava as pessoas, seu amor, seu respeito, a misericórdia que tinha com todos, se assim fizermos, saberemos quem é Deus.

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