quarta-feira, abril 18, 2018

Paz

      "Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra." Salmos 119.67

      Paz tem os loucos bons e as crianças, sejam essas últimas da idade que forem. Paz é não quebrar alianças, seja com homens ou com Deus. Mas quem pode ser fiel consigo mesmo? “Metamorfose ambulante", como diz o poeta, é isso que somos, para a paz acompanhar tantas mudanças humanas é difícil. Assim, referência de paz muda, enquanto vivemos, assim como o controle de qualidade que podemos fazer dela. No início almejamos uma paz tão grande, tão idealista, mas depois vamos abrindo mão de certas exigências pessoais, e com pouco temos paz, mas talvez esse seja o meu processo, ou o processo de pessoas da minha geração. Nas últimas gerações vemos o contrário, na juventude eles nem pensam em paz, vão vivendo e buscando prazer. Depois contudo, cai o remorso como bigorna de desenho animado antigo sobre suas cabeças, então os irresponsáveis buscam a paz que nem sabiam que existia. Mas a verdade é que muitos ignoram paz interior, ela é totalmente substituída por um corpo satisfeito, estômago cheio, dinheiro no bolso, brinquedos tecnológicos disponíveis e sexo à vontade.
      Você tem paz? Lembro que no início da minha vida como convertido, nos anos 1970, paz era volorizada. Os evangelistas diziam o tempo todo, só Jesus pode dar paz, sem Cristo não há paz. Nos últimos tempos o que vejo nos púlpitos é, creia e Deus fará um milagre, o impossível em tua vida acontecer, esse milagre, esse impossível, não é a paz, mas coisas materiais, dinheiro, casamento, cura. O cristão atual, principalmente o do meio pentecostal, perdeu a noção da importância da paz, tendo dinheiro no bolso, um marido ou uma mulher pra chamar de sua, basta. O pecado fácil e a falta de cobrança de pais e pastores, deixou o homem insensível, mesmo dentro de igrejas. Aí reclamam quando toda a sociedade vive um momento de tanta violência, no Brasil, com gente sendo criada dentro de igreja, mas ainda assim sendo ganha pelo mundo, por sua cultura e seus valores. Os que continuam nas igrejas, com uma vida civilizada, são apenas religiosos, que toleram os hereges, escolhendo cantar (e não adorar de fato), mas não fazendo nenhuma diferença na sociedade.
      Paz importa? De verdade? Paz com Deus e com nós mesmos? A mais verdadeira paz se experimenta no silêncio e na solidão. No meio de um culto barulhento, de um show de música, de um comício, de uma partida de futebol num estádio ou de uma orgia, poucos pensam em paz, existem sentimentos mais fortes que a sublimam. Mas à noite, sozinho na sala, com a TV desligada, enquanto a família dorme, numa segunda-feira, a paz é buscada como água no deserto, é desejada mais que a vida, é joia rara e preciosa, a coisa mais cara do mundo. Isso, contudo, é para os que têm coração, ou que o adiquiriram com o tempo, os que não perderam a sensibilidade principalmente espiritual. O pecado, insistentemente cometido, não deixado, e com os anos, aceito como não mais pecado, anula a paz, mata a necessidade de quere-la. O que fica é um coração vazio, frio, que não acha mais prazer em nada. Feliz o homem que sente no coração a dor da culpa, mais feliz o que acha cura para ela no sangue de Cristo, mas bem-aventurado é o que encontra a paz e a guarda, como o tesouro mais precioso.
      “Antes de ser afligido andava errado", boa coisa é ser afligido pelo Senhor, não concorda? Deus nos atrai para a sua paz, essa é a maior bênção que ele nos dá. Nessa intenção o Espírito Santo faz doer nossos corações, e ainda bem que é assim, dessa forma aprendemos, como crianças, que o errado faz mal e o certo faz bem. Aí, todavia, reside um grande problema das últimas gerações que simplesmente se negam a sofrer, que não querem passar pela dor da maneira correta. Com essa rebeldia, eles nunca aprendem, não mudam, envelhecem ainda na adolescência e ficam assim pelo resto de suas vidas, mesmo que queiram manter os corpos jovens (assunto que refleti na postagem de ontem, “Eternidade”). Fugir da dor não amadurece, é preciso senti-la em toda a sua intensidade para adquirir responsabilidade, e depois, quando ela passar, porque em Deus toda dor sempre passa, crescer como ser humano. O homem maduro procurará com todo o coração não errar mais, ele sabe o preço caro que custa um caminho irresponsável e egoísta.
      Paz, só Jesus pode dar paz, diz uma canção que fiz nos anos 1980, tema tão comum nos púlpitos e nas composições cristãs de quarenta anos atrás. Paz, virtude que as pessoas parecem ignorar hoje em dia, mesmo cristãos. Paz, uma palavra tão pequena na língua portuguesa, mas um sentimento exclusivo, intenso, que compensa a ausência de muitos outros. Paz se sente mesmo na ausência do amor do próximo, mesmo na falta de bens materiais, mesmo na negação de aprovação dos homens. Paz experimentamos depois que buscamos ao Senhor com todo o coração e com toda a razão e ouvimos uma frase pequena e simples, que nos dá paz. A voz do Espírito Santo nos dá paz, e Deus fala a cada um de nós de maneiras diferentes em momentos diferentes, só para nos dar a paz. A coisa que Deus mais deseja para o homem é que ele tenha paz, por isso a insistência na verdade que diz que sem Cristo não há paz, verdade que muitos teimam em não entender, ligando Jesus a mais uma religião ou às práticas de falsos cristãos que não dão testemunho do evangelho da paz.
      Eu já senti a paz de Deus em momentos que achava impossível senti-la, encontrar em Deus a paz é o maior milagres que experimento. Abro mão de riquezes e honras para ter a paz de Deus, sei que se a sinto estou em conformidade com a vontade do Senhor, sei que estou obedecendo a ele, apesar de tudo, e que ele está se agradando de mim. Não existe adoração mais profunda que estar em paz com Deus, uma adoração silenciosa, secreta, única, na intimidade do Senhor. Temos direito à paz, todos precisamos saber disso, ela não é opcional, mas há de se ter humildade e simplicidade para prova-la. O arrogante que se perde nos próprios pensamentos, que se deixa escravizar pelos prazeres e pelas mentiras espirituais do diabo, não acha paz, mas só confusão e armadilhas. Na paz do Senhor temos lucidez, andamos na luz, e melhoramos sempre. Sem paz, mesmo que por causa de uma mentira, de algo de errado que nós nem fizemos, podemos nos perder, e o que era só falta de segurança se transforma em pecados maiores, em vícios, em ódio, em mágoas, em doenças físicas e psicológias.
      Busquemos a paz e a guardemos, com convicção, e não a troquemos por nada, quem tem paz com Deus, está protegido e pode exercer amor e fé com liberdade, com pureza, no Espírito Santo e através de Jesus Cristo, o príncipe da paz!

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